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Hoje é dia dos namorados e como todo ano, os alunos do 3º ano farão um baile. Porém esse ano teremos uma pequena diferença: a Kim e Kassi, nossas representantes de classe, tiveram a “brilhante” idéia de no início do baile lerem as cartas escritas pelas garotas que declaram seu amor para os garotos. Os garotos terão que escolher uma carta e dançar com a garota que a tiver escrito. Eu estava achando uma boa ideia se elas não tivessem dito que todas garotas presentes teriam de participar. E não tinha como eu faltar, já que sou a repórter do jornal da escola e fiquei responsável por cobrir o baile.
Como sempre, eu não prestei atenção à aula, aproveitando a para escrever a tal carta de amor. Como teria de escrever a carta de qualquer jeito e Haru provavelmente receberia muitas cartas, decidi-me declarar de vez por ele. Quando o sinal tocou eu já havia a terminado. Para que ninguém a visse, escondi no meu caderno e sai de sala. Quando saía, esbarrei no Haru, fazendo com que nossos materiais caíssem no chão.
Yumi-chan, você anda distraída hoje! rsrsrs
rsrsrs São os preparativos para o baile, estão me deixando louca!
Nos agachamos para pegar os materiais. Nos levantamos e demos tchau, eu estava vermelha de vergonha e sai correndo em direção à próxima aula. Sentei na minha carteira, a professora entrou em sala, pediu que abríssemos o caderno no dever de casa. Ao abrir o caderno tive uma surpresa.
Sensei posso me retirar de sala?
O que foi Yumi? Não está se sentindo bem?
Estou bem sensei. É que eu peguei o caderno de um amigo achando que era o meu.
Depois vocês destrocam, pode se sentar com alguém para seguir a correção.
Meu coração começou a bater forte, Haru irá ler minha carta, não tenho duvidas. Minha mente estava inquieta, quando tocou o sinal do recreio, eu saí correndo da sala e fui até a sala do Haru.
Yumi, eu já ia te procurar, eu estou com o seu caderno.
rsrsrs Eu percebi. Aqui está o seu caderno.
Eu entreguei o caderno dele e peguei o meu de volta, tremendo de medo de ele ter lido a carta.
Yumi, você está tremendo. Está se sentindo bem?
Estou sim, só com um pouco de fome.
Então tá. Te vejo no baile!
Até o baile!
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No baile Kim e Kassi me encontram na entrada...
Yumi-chan!!!!
Já vi que trouxe sua máquina fotográfica e seu bloquinho de notas!
Eu sou a repórter do jornal, esperava o quê?
Mas você também é uma aluna do terceiro ano, então não se esqueça de se divertir.
Não esquecerei.
E cadê a sua carta para o Haru?
Como você sabe que é para o Haru?
Está escrito na sua testa que você tem uma queda por ele!
Queda? Ela tem um tombo por ele! rsrsrs
Aqui está a carta, agora deixem eu fazer o meu trabalho.
Joguei a carta em cima da Kim, entrei no salão e comecei a fotografar a decoração. Os alunos estavam chegando e eu estava tirando a foto dos casais, quando a Kim e a Kassi subiram ao palco para marcar o início do baile e ler as cartas. Elas começaram com as cartas para o Kashino, irmão gêmeo da Kassi. Ele fora o que mais recebera cartas, como era esperado ao príncipe do esporte.
E essa foi a décima quinta e última carta para o onii-san.
Kassi, quem foi que recebeu mais cartas depois do Kashi?
Deixe-me ver... com catorze cartas temos o... Haru!
Então me passe sete delas que eu vou começar a ler.
Eu comecei a suar frio, elas iriam ler a minha carta e, as conhecendo bem, ou seria a primeira ou a última. Meu coração estava descontrolado e, para piorar, o Haru apareceu do meu lado e perguntou se eu havia mandado uma carta para ele ou para o Kashino. Minha visão ficou turva, as coisas começaram a girar e a última coisa que ouvi antes de tudo apagar foi a voz do Haru dizendo:
Yumi? Você está bem? Você está pálida!
Acordei cerca de vinte minutos depois na enfermaria da escola com o Haru ao meu lado. Meu coração voltou a bater forte e Haru notou que eu acordara.
Yumi, como você está? Está sentindo algo? Você desmaiou no baile e de manhã você estava tremendo, está com algum problema?
E sem que eu planejasse as palavras simplesmente saíram da minha boca, junto com muitas lágrimas.
Meu único problema é estar apaixonada por um garoto que não percebe meus sentimentos.
Haru põe a mão no bolso e tira uma carta, logo reconheço como sendo a carta que escrevi para o baile, mas como ele conseguira se a carta estava com a Kim? Eu ia perguntar, mas ele foi mais rápido.
Então seu problema está resolvido, pois esse garoto já percebeu seus sentimentos.
Haru começou a ler a carta.
“Para: O menino mais interessante do mundo.
Da: Menina que o ama desde o sempre e para o sempre.
Por ti estou apaixonada
Até sonho acordada
Quero me declarar
Mas tenho medo de te amar
Meu coração apaixonado
Perto de ti fica incontrolado...”
“Se te vê apaixonado
Fica apertado
E por fim quero que saiba que estarei sempre ao seu lado.” - Terminamos junto.
Eu perguntei, mais do que depressa: Como conseguiu essa carta? Eu entreguei para a Kim.
Você escreveu essa carta de manhã e escondeu no seu caderno. Ao ver isso eu “esbarrei” em você e troquei nossos cadernos. Peguei a sua carta e coloquei uma que eu escrevi no lugar.
Mas porque você não disse nada?
Eu queria dançar com você, mas não tinha coragem para te chamar. Então quando elas lessem a minha carta eu pensei que não precisaria te chamar.
O que você escreveu na carta?
O seu soneto favorito de Luis de Camões.
“Amor é fogo que arde sem ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.”
“É um não querer mais que bem querer
É um andar solitário entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É um cuidar que se ganha em se perder”
“É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade
Se tão contrário a si é o mesmo amor?”
Enquanto recitávamos o soneto, íamos nos aproximando, de pouco em pouco. Ao fim do soneto já estávamos a milímetros de distância, e nos beijamos. Foi um momento mágico e único, começou com um beijo comportado, mas aos poucos foi ficando mais quente e aconchegante. Meu primeiro beijo, algo para lembrar para o resto da vida.
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